Primeiro a pessoa sente. Sente-se triste. Melancólica. Sente que há qualquer coisa que não está bem. Não sabe o que é...mas percebe que há qualquer coisa.
A pessoa opta por não ligar. Afinal de contas é uma pessoa racional e não acredita em superstições. Por opção decide não ouvir a intuição.
Então é o corpo a dar sinais.
Começam as dificuldades em dormir. Diz para si mesma, é stress. É ansiedade. Foi do jantar, caiu-me mal.
A pessoa toma um comprimido e dorme um sono químico. Acorda com a mesma sensação que há algo que não está bem. Ignora e faz a sua vida.
Sente azia e toma uma pastilha para a azia. Incha-lhe o estômago e a barriga com gazes e toma um comprimido para aliviar. Torce um pé e põem gelo e uma meia elástica. Aumenta a dosagem para dois comprimidos para dormir.
Os dias vão passando.
Os animais da casa ficam doentes. As plantas morrem.
Como a pessoa escolhe não ouvir o corpo, as coisas começam a falar com a pessoa.
Chegam cartas com contas inesperadas para serem pagas ontem.
Partem se objectos.
Avariam-se eletrodomésticos e é preciso substituir peças ao carro que foi à revisão o mês passado.
A pessoa vai resolvendo e ignorando.
O volume dos avisos aumenta. Cai o esquentador da parede a meio da noite. Parte-se a prateleira do armário da cozinha e vem a louça toda desfazer-se no chão. Soltam-se as pernas da cama e a pessoa é acordada ao cair.
...
Então liga e marca uma consulta. Quer sempre para o próprio dia. E percebe-se, quer resolver um problema que já devia estar resolvida há um ano atrás.
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E de facto podia ter resolvido. De facto podia ter resolvido há um ano atrás poupando tempo, trabalho, doenças, problemas e dinheiro.
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Escute-se!
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