O valor do meu trabalho

Trabalho honestamente como cartomante e mestre de magia e sim, cobro pelo meu trabalho. E depois?

Em trinta anos de trabalho errei muitas vezes mas nunca pedi a ninguem para ser minha ou meu cliente. São as pessoas que vêm à minha procura.

Recorrentemente, felizmente cada vez menos, surge a ideia do "não se deve cobrar o trabalho espiritual, porque foi um dom oferecido pelo Universo, Deus, Deuses"... E com este argumento, surgem os lugares comuns do moralismo judaico cristão da caridade e da pobreza evangelica.

Pois bem, que me perdoem os vossos deuses, mas eu não sou cristão, nem acredito na narrativa da caridade como meio de elevação espiritual e sei que aquilo que alguns chamam de dom, é um sentido transversal à humanidade.

Todos os humanos podem desenvolver e trabalhar a sua mediunidade. Todos os humanos podem aprender a trabalhar e intrepretar oraculos. 

Por isso o dom, não existe como dàdiva divina. Existirá uma tendencia inata que trabalhada pode dar resultados. 

E existem trabalhadores fora de série, o pintor Miguel Angelo, teve um talento especial para pintar...mas não vejo ninguem defender que o seu trabalho devesse ser gratuito.

O jogador de futebol Cristiano Ronaldo, nasceu predestinado a ser jogador. Acho que não ocorre a ninguem dizer que o salário que lhe é pago deva ficar retido porque o seu talento é uma graça de deus.

Numa escala mais proxima, se eu pago ao eletricista para instalar um quadro no meu Terreiro, porque razão havia de deixar de cobrar quando for ele a precisar de consultar o meu oraculo?

Tal como um operario especializado, o meu trabalho envolveu anos de formaçao e aprendizagem até atingir a competêcia de poder viver dele.

Tenho uma referência de valor do meu trabalho à hora. É essa referencia que me premite fazer os calculos para cobrar com total transparencia o preço do que faço.

Este computador de onde vos escrevo foi pago com o meu trabalho. A eletricidade e a internet que estou a usar para comunicar convosvo será paga da mesma fonte de rendimento.

A caridade, se a faço ou não, ficará para mim e ninguém tem nada a ver com isso.