a·mar·ra·ção
(amarrar + -ção)
substantivo
feminino
1. Acto de amarrar ou de se amarrar (ex.: a acostagem termina com a amarração do navio).
2. Conjunto de amarras que seguram o navio.
3. Bóia.
4. Fundeadouro.
5. Ancoradouro.
"amarração", in Dicionário Priberam da Língua Portuguesa
Amarrações:
entre os trabalhos espirituais e de magia, é talvez o mais mal-amado
e o mais criticado dos rituais. No entanto é também dos mais
procurados por parte de clientes de todos os estratos sociais e
de todas as idade e seguramente, um dos mais executados.
O
dicionário fala em barcos e atracar navios, mas a linguagem comum
associa o conceito de Amarração ao acto de juntar um casal através
de magia. Ambas as noções estão correctas.
É
fácil criticar o acto de amarrar alguém, porque, dizem, é
retirar ao outro a vontade própria. Porque é evocar o sobrenatural
para satisfazer uma vontade. Porque é ir contra a natureza das
coisas. Porque é baixa magia, como se a magia se medisse em metros
de altura....
Pois,
a mim, que trabalho na área, acho que tudo depende do contexto. Sem
julgar nem moralizar, cabe ao agente de magia, ao médium,
feiticeiro, mestre, pai-de-santo, bruxo ou curandeiro, perceber e
distinguir, o que é capricho e o que é um legitimo pedido de
harmonização. Porque o nosso papel também é esse, harmonizar
e arrumar o que está desarrumado e desordenado.
Se há
situações em que me pedem amarrações que nem considero o pedido
ignóbil e simplesmente ignoro, há outras situações em que
fazer o meu trabalho de amarrar um casal é fazer o que está mais
correcto.
Muitos
casais que têm tudo para se fazer felizes, constroem vidas e
planificam envelhecer juntos. Depois, com a pressão do dia-a-dia vão
tendo dificuldades de comunicação. Afastam-se um do outro vivendo
na mesma casa. Pequenas coisas que não são problemas tornam-se
montanhas intransponíveis. Um dos elementos deixa de falar e o outro
deixa de querer saber. Começam a pairar duvidas de emoção sobre
os dois. Há um que encontra alguém fora do relacionamento e
pela simples razão de ter alguém com quem conversar... põe em
causa todo o percurso percorrido. O relacionamento torna-se um fardo
para ambos... Pensam em separar-se e falam nisso. Mas na realidade, a
separação, neste caso, não é um processo que servirá para abrir
novos caminhos e novas perspectivas na felicidade de cada um.
Muitas vezes as separações são apenas fugas para a frente,
porque no essencial, o amor que uniu aquelas duas pessoas está lá
todo... Numa situação destas, fazer uma amarração e voltar a
juntar este casal, é um acto de harmonização e que promove o bem
estar de todos.
Outro
exemplo, um encontro de almas. Pessoas que se cruzam, cada uma delas
de universos diferentes. O impacto deste cruzamento é tal que abana
os alicerces de ambos. O percurso dos dois, desse momento para a
frente será feito junto. Uma das pessoas entende isso, mas a outra,
apesar de saber que aquele é um amor que tem de viver, sente medo,
porque está traumatizado por um passado de relações falhadas...
Pois está é mais uma situação em que “amarrar” estes dois é
um acto de harmonia e de paz com o universo.
Ou
ainda outra situação, mais rara mas que felizmente acontece, um
casal de pessoas,q ue se ama e que quer “fixar” ao
nível magico esse amor, como um seguro à prova de tudo e
todos, que criará uma barreira invisível com a dureza do
diamante à volta do seu amor, impedindo que tudo o que
seja exterior a ambos entre e faça dano...
Há
muitas razões que levam alguém a procurar fazer uma amarração,
e nem todas estão erradas.
O
primeiro dever do mestre de cerimonia, curandeiro, bruxo ou medium, é
perceber como é que o seu trabalho pode melhorar a vida de quem o
procura, sem prejudicar ninguém... Não somos juízes para
julgar, nem padres para apontar pecados. Na melhor das
hipóteses, somos apenas homens e mulheres a fazer o que sabemos para
melhorar a vida de quem nos procura.
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